quarta-feira, 20 de junho de 2012

Aguardando aguardo-me procurando o momento certo para aguardar tudo o resto Aguardar, para quê? A pensar morreu um burro.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

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Se a crueldade e a violência fossem valores socialmente aceites e apoiados, todos seríamos cruéis e violentos sem sequer nos preocuparmos nem termos qualquer tipo de culpa em relação a isso. Numa altura em que o mundo parece ser, como nunca antes, mais consciente dos Direitos Humanos e do respeito pela humanidade de cada um, não necessariamente igualdade, não faz sentido assistir-se ao elogio da violência e ao elogio do ódio (por se ser, alegadamente, "diferente" dos outros). O "amuo" com o que está instituído não é suficiente para formar uma posição. Capricho? A revolta contra o que está instituído, contra os costumes "mainstream" não deve ser uma revolta sem fundamento, sem justificação, apenas um amuo por ser uma moda, porque é bom seguir uma moda e ser diferente apenas porque se é, ou para se ser. A diferença forçada acaba por se tornar numa forma apenas infantil de se estar numa margem alternativa, não a principal, mas que segue exactamente os mesmos valores que a margem dominante. Os mesmos ou piores. Elogio à violência?

terça-feira, 6 de março de 2012

As vidas são fáceis de tirar, de acabar. A vida é fácil de tirar, de acabar. Num olhar deslumbrado que desvanece. Um gesto, uma palavra, um esgar, um som podem acabar uma vida. Determinando que o que sentimos nas entranhas não é vida, é morte. De um momento para o outro sentir vida. E depois morte. Uma sucessão de vidas e mortes arrancadas de uma só pessoa, de uma só alma, de um só corpo. Corpo que manifesta a maleita da alma. Que nos impede de ficar indiferentes à morte da alma, que nos recorda de que sentimos as maleitas e as mortes fisicamente, e que a isso não podemos fugir. Curar a alma passa por perceber que a dor não é só imaterial mas que se manifesta fisicamente. Por isso é que existem os medicamentos que curam a alma através do corpo. Que os psiquiatras, cientistas credíveis e legítimos tanto receitam quando acham necessário, quando não conseguem curar a alma de alguém. Têm uma espécie de ferramenta química que joga com o nosso invólucro biológico inevitável. E assim põem uma pessoa mais bem disposta. Mais satisfeita. Mais reconciliada consigo mesma e com o que a influencia. Será legítimo curar uma alma através do corpo? Será uma alma curável? Através de um químico que a tranquiliza? A cura aparente leva-nos a concluir, provavelmente de forma apressada, que uma alma é curada quando o corpo é curado. Eu não acredito que fique curada.